quarta-feira, 23 de julho de 2014

Belém perde Dona Maria ilustre tacacazeira do Pará

A cultura e a natureza são dois dos mais fortes segmentos do turismo do Pará, expressos, entre outros aspectos, pela gastronomia, considerada a mais genuína do Brasil, herança dos povos europeus, africanos e indígenas. Neste contexto, o tacacá, bebida típica da Amazônia, é, talvez, uma das mais perfeitas combinações dos hábitos e costumes desses diferentes grupos culturais.

O tacacá é um dos pratos típicos mais atraentes aos
turistas e jornalistas que visitam o Pará 

Foto: Jean Barbosa - Paratur 
Em Belém, o tacacá não é somente uma sopa, uma bebida afrodisíaca. É uma receita que guarda segredos de geração a geração, um prato, ou melhor, uma cuia, com sabor de tradição, regada a tucupi, goma de mandioca, folhas de jambu, camarão, pimenta, entre outros ingredientes que só os paraenses sabem manipular perfeitamente.

Mas, para quem conhece bem a tradição desse alimento, servido normalmente aos finais de tarde nas esquinas de Belém e de outras cidades do Pará, faça chuva ou faça sol, é inegável a importância de um personagem paraense para que essa bebida tenha se tornado tão requisitada pelos turistas e também pelos nativos: as tacacazeiras. A mais notável de todas, Dona Maria do Carmo Pompeu dos Santos, infelizmente faleceu no último dia 3 de julho, aos 75 anos. Sua partida sem dúvida enfraquece a tradição da culinária amazônica, já que era a guardiã da mais saborosa de todas as receitas do tacacá.

A banca da Dona Maria, localizada na Avenida Nazaré, esquina da Quintino Bocaiúva, é a mais requisitada em Belém. Ela trabalhou no local por 45 anos, tornando-se conhecida em especial pelo seu carisma e história de vida marcante. Por 48 anos trabalhou com a venda de tacacá e graças a essa dedicação criou seus cinco filhos, ao lado do esposo Aureliano dos Santos. Inspirou excelentes reportagens para veículos de comunicação não apenas de Belém mas de outros países. Turistas, chefes de cozinha de vários estados do Brasil e do exterior buscaram também o local, seja para apreciar o tacacá ou buscar inspiração para suas criações gastronômicas.

Com a morte de Dona Maria, que ia completar 76 anos de idade no próximo dia 29 de setembro, o turismo gastronômico do estado do Pará perdeu um dos grandes nomes na culinária paraense, embora ela tenha deixado um grande legado aos seus filhos que continuam trabalhando na banca de tacacá, onde é possível observar diariamente filas de clientes, em busca do sabor e do excelente atendimento. Entre os filhos de Dona Maria que trabalham na banca de tacacá da Avenida Nazaré está José da Conceição Soero (Bito).

Bito explica que em outubro, durante o Círio de Nazaré, o número de consumidores que procuram diariamente o local dobra, em função principalmente do Círio de Nazaré, evento turístico religioso que também revela a gastronomia típica do Pará. O filho de Dona Maria lembra ainda que hoje, graças ao trabalho da família, a Banca de Tacacá da Avenida Nazaré integra os principais guias turísticos e gastronômicos do mundo, como o Guia Quatro Rodas, Veja Belém, por exemplo.

O site Roteiros Incríveis escrito pela jornalista Cláudia Albuquerque indica o tacacá da Dona Maria como o 4° local a ser visitado ao se chegar à cidade de Belém. A dica vale a pena ser seguida, como assegura a Companhia Paraense de Turismo (Paratur). Tacacá do Colégio Nazaré. 
Endereço: Avenida Nazaré, s/nº - em frente ao Colégio Nazaré - Nazaré - Belém 
Conheça o Pará: www.paraturismo.pa.gov.br 


Texto: Jairo Augusto Monteiro e Benigna Soares - Paratur

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